terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mas que Filho da Pauta



Essa eu tenho que dividir com alguém. Então espero que alguém leia essa coluna. O Bill Gates não fala palavrão. Se eu conversei com ele já? Não, nem perto disso. Mas descobri que ele tenta dar uma de Big Brother nos meus contos. E colunas também. Sério.

Vê essa merda aqui que eu escrevi? Não, não me refiro ao parágrafo anterior, falo da palavrinha mesmo, da soma do m +e+r+d+a. Pois é, o Bill faz cara feia pra ela.

Na verdade, ele começou fazendo cara feia pra puta. Que ele prefere chamar de pauta, sabia? Se é algum eufemismo politicocorreto, não sei. Mas sei que ano passado cheguei faceiro em casa pronto pra escrever um conto chamado Filho da Pauta em Dia dos Pais. Não, Filho da Pauta Em Dia dos Pais. Mas será possível: Filho da PUTA em Dia Dos Pais. Rapaz, eu digitava puta, e ele me corrigia no automático: pauta. E eu tentava, retentava, até que dei um driblezinho e segui adiante. Mas cada puta que aparecia no texto ficava lá, com aquela caretinha vermelha que o Word faz pra ti quando tu escreve uma palavra errada.

Deixa estar, pensei. Depois é só passar o corretor ortográfico e, quando ele te apontar o erro em puta, tu adiciona a palavra e nunca mais esse problema. Meu dicionário do Word tem palavras como o “pra”, “tcharam”, “esquisitando” e tantas outras que fui metendo goela abaixo dele nesses anos de convívio. Sempre considerei ele bem disposto a entender o meu português.

Então fiz. Apertei F7, que pra quem não sabe é o atalho do corretor e, não imaginem coisas, fiquei esperando a puta aparecer. Quando ela pintou, eu, inocente, cliquei Adicionar ao dicionário. Ou Word ou é mais inocente que eu, ou se fez. Mas não assimilou o comando. Cliquei de novo, e nada. Mais uma vez. Nada. Filho da puta, eu pensei e dei graças a deus pelo meu cérebro não ter corretor ortográfico. Cheguei a cogitar que em vez de um Word 2003, eu tivesse um 1900, sei lá eu. Mas não, era 2003, só que da turma do politicamente correto. Bueno, fiz o que faço com essa turma, cliquei em Ignorar e segui o baile.

E segui fazendo isso e comprovando que o Word é o próprio politicamente correto. Muitos cus, merdas, bucetas e porras escrevi depois disso. E ele continuou me alertando. Me corrigindo. Mas, como adotei o ignorar, fingir que ele não existe, as coisas ficam por isso mesmo. Meus textos saem impressos do jeito que eu quis e ele fica lá, satisfeito por ter sublinhado meu mau comportamento vocabular.

Mas seguinte, Word, tu pode ser hipócrita. Só que eu não sou. E trouxe essa história a público, botei na internet, pra ver se tu vai me corrigir, assumir de vez tua posição contra minha boca e meu teclado sujos. Vem, sublinha, apaga, elimina meu texto da rede.

Se nada disso aconteceu, talvez eu tenha corrigido meu corretor ortográfico.Ou talvez ele seja polido demais pra brigar comigo em público.

2 comentários:

olavoamaral disse...

tu acha que isso é moralismo? entra no meu blog (http://taquilalia.blogspot.com/)
e olha a última postagem então.
abraço,
olavo

Lili Má disse...

eu fui escrever alma pura e saiu lama puta. enfim, essa ficou.

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